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Cuidemos dos nossos jovens, eles são o futuro

Cuidemos dos nossos jovens, eles são o futuro

Um novo levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com base em dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), revelou um dado alarmante: a cada dez minutos, um adolescente entre 10 e 19 anos tenta contra a própria vida ou pratica algum tipo de autolesão no Brasil.

A análise, divulgada nesta segunda-feira (22), apontou um crescimento diário de até 137 atendimentos relacionados ao suicídio nos últimos dos anos, por todo o país. Entre 2021 a 2023 mais de 100 mil adolescentes foram atendidos após episódios de sofrimento psíquico grave, o que acende um alerta sobre a situação da saúde mental na juventude brasileira.

Este quadro chama a atenção para a falta de estrutura do sistema de saúde pública quando o assunto é saúde psicossocial. A depressão tem crescido de forma alarmante e alcançado cada vez mais grupos jovens, que além de conviveram com os sintomas invisíveis, também precisam lidar com os hormônios e a puberdade, que por sua vez, podem ser considerados como potencializadores, mesmo que não sejam a causa isolada das doenças psicológicas. 

Embora o Brasil conte com programas como o Saúde na Escola (PSE) e Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSij), a cobertura dessas políticas ainda é considerada limitada. Muitas cidades brasileiras não têm profissionais capacitados ou unidades especializadas para atender esse público, o que dificulta a identificação precoce dos sinais e o tratamento adequado. 

Estes dados alarmantes abrem um debate importante quanto a saúde e o futuro da juventude brasileira. A melhora nas políticas públicas e no sistema de saúde passou a ser uma urgência, já que, em um levantamento feito em setembro deste ano, pode-se notar que 75% dos brasileiros dependem do SUS (Sistema Único de Saúde). Ou seja, bem mais da metade da população, incluindo crianças e adolescentes, só têm a possibilidade de ter acesso a cuidados mentais através da rede pública.

Para melhorar este cenário, as políticas públicas devem se estender às escolas, não apenas em datas como o setembro amarelo, mas ao longo do ano. A necessidade de criar espaços com profissionais especializados no cuidado da saúde mental, como psicólogos à disposição dos alunos nas redes de ensino poderiam mudar muitas histórias, já que os profissionais conseguiriam identificar os sintomas e notificar as famílias. 

Além de atendimentos gratuitos disponíveis nas escolas, a inclusão de educação emocional no currículo escolar seria um diferencial, já que, o autoconhecimento pode levar os jovens a procurar ajuda, ou até mesmo, conseguir estar atento aos colegas de sala e alertar os professores e aos profissionais de saúde. 

O autor é Thayan Fernando Ferreira, advogado especialista em direito de sáude e direito público, membro da Comissão de Direito Médico da OAB-MG e diretor do escritório Ferreira Cruz Advogados – contato@ferreiracruzadvogados.com.br

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